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Pauper: Tudo o que sabemos sobre Portões (até agora)!

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Basilisk Gate e a base de Portões se tornaram a nova tendência do Pauper. Nesse artigo, analiso em quais estratégias essa combinação realmente pode suceder e como combatê-la no futuro.

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revisado por Tabata Marques

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Algumas semanas após seu lançamento, podemos afirmar que o impacto de Double Masters 2022 foi grande, já que Monastery Swiftspear aumentou a velocidade do formato e pune decks que passam tempos demais preparando seu setup, e isso vem alterando a maneira como procuramos competir no Metagame nas últimas semanas: arquétipos como Mono Blue Delver voltam a ter alguma importância já que jogam naturalmente por tempo, enquanto outros precisam se adaptar às circunstâncias, como é o caso do Boros Bully que está jogando com uma curva mais baixa e até mesmo incluindo peças de ramp como Springleaf Drum para acelerar o cast de Battle Screech e aumentar significativamente o clock na mesa antes que seja tarde demais.

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No entanto, enquanto nosso foco está voltado para Double Masters, também tivemos recentemente um acréscimo na disponibilidade dos cards de Commander Legends: Battle for Baldur's Gate, o que levou mais jogadores a experimentarem aquilo que parece estar se tornando uma staple de múltiplas listas no Pauper hoje:

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Se olharmos para a última Liga de Pauper, tivemos diversas estratégias diferentes procurando aproveitar de Basilisk Gate junto dos demais terrenos de Commander Legends.

Portanto, decidi hoje trazer um breve guia de como exatamente essa nova adição funciona, o que o torna tão importante para o formato, além de considerar também meios de combatê-lo caso o formato passe a ser centralizado em torno dele.

O que torna do Basilisk Gate bom no Pauper?

Ele transforma qualquer criatura uma ameaça

Em resumo, Basilisk Gate torna basicamente qualquer criatura sua em uma wincondition conforme o jogo se estende e oferece algo do qual muitos arquétipos do Pauper carecem na hora de fechar jogos — um aumento significativo de clock — e o faz enquanto esses decks podem abdicar da necessidade recorrer a preciosos slots pertencentes à mágicas para isso: basta você ter entre dez e quatorze portões (incluindo Basilisk Gate) para aproveitar esse power boost.

Com isso, não há (virtualmente) um topdeck ruim em relação às suas criaturas se elas conseguirem causar dano de combate contra o oponente durante um ou dois turnos.

A Manabase dos Gates é extremamente flexível

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O meu primeiro artigo na Cards Realm foi durante o lançamento de JumpStart, que trouxe as Thriving Lands ao Pauper. Nele, eu mencionava sobre como a opção de você selecionar as cores que o seu terreno pode gerar no momento em que você o joga facilita absurdamente os splashes nos mais diversos arquétipos, e facilmente o tornariam parte essencial dos mais variados Midranges.

Infelizmente, apesar de as Thriving Lands terem colaborado muito em decks como Jeskai Ephemerate e o aumento de consistência do Tron ao lado de Bonder's Ornament, opções mais interessantes foram surgindo, como as Bridges de Modern Horizons II.

Porém, a grande vantagem delas também se aplicam aos novos Gates: a facilidade de splashar cores que normalmente não estariam presentes no seu maindeck ou Sideboard com elas, e constatamos essa tática, por exemplo, na principal lista que deu início à essa tendência de busca pelo melhor deck de Basilisk Gate, o Caw-Gate:

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Eu fiz um Deck Tech explicando como o Caw-Gate funcionalink outside website, e recomendo que você o leia porque não pretendo me aprofundar muito sobre o arquétipo aqui, mas podemos considerá-lo como o foco central de quais elementos realmente sucedem com essa temática, e há muito o que se aprender com essa base.

Em relação aos splashes, apesar de ter uma base majoritariamente azul e branca, inclusive com Counterspell, a lista que ganhou um Pauper Challenge recorria ao vermelho e ao preto para respostas pontuais contra o formato, como Pyroblast e Arms of Hadar.

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Uma categoria muito grande de decks podem utilizá-lo

A menos que seu deck seja mono colorido com um clock rápido (como Burn ou Mono Red Blitz), tenha uma base que não permita lands viradas (como Mono Blue Delver), ou use lands específicas para interações específicas (como Affinity ou Rakdos Burn), você provavelmente tem uma lista elegível a usar Basilisk Gate ao remover algumas das suas duais em prol de terrenos que compartilhem esse tipo de permanente.

Há uma dezena de arquétipos no Pauper que se encaixam nessa categoria hoje: Azorius/Jeskai Ephemerate, Reanimator, Boros, Izzet Faeries (Dimir necessita de Snuff Out para manter o Tempo positivo), Monarch, dentre diversas outras possibilidades.

Porém, nem todos esses decks serão bons o suficiente com Basilisk Gate já que a necessidade de dez à doze portões, além das concessões de interação entre suas cartas (como Skred com lands nevadas ou Cleansing Wildfire com Bridges), simbolizam mudanças importantes na forma como construímos nossas listas e é necessário avaliar o quanto elas realmente fazem diferença para melhor ou pior.

Quais estratégias se beneficiam de Basilisk Gate?

Arquétipos que não dependem de uma mecânica específica ou pura velocidade para ganhar jogos

A menos que você esteja jogando com algum deck que aposte plenamente na velocidade para vencer ou possua uma habilidade ou interação específica que demande demais da sua manabase (como tipos de lands básicas para Snuff Out ou lands artefato para Affinity/Metalcraft), você provavelmente tem uma estratégia elegível para encaixar Basilisk Gate — especialmente se estivermos falando de um Midrange ou Control onde normalmente não se importam com usar algumas lands viradas além de, é claro, criaturas que realmente tornem desse aumento de poder relevante.

No entanto, na teoria, nem toda lista poderá tirar o máximo de proveito dessa estrutura com a mesma eficiência e/ou sem concessões mais pesadas.

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Considere o Faeries, por exemplo.

Basilisk Gate é teoricamente excelente nas variantes de Faeries porque atende à necessidade de cobrir uma das fraquezas primordiais dessa estratégia: a falta de um clock eficiente após você estabilizar o jogo. Com ele, você torna de qualquer Faerie Seer ou Spellstutter Sprite um 4/4 Flying em poucos turnos.

No entanto, o Faeries é extremamente intensivo em relação a cores de mana: Você quer duas azuis para Counterspell, você quer duas azuis e uma vermelha para um removal com backup, você quer três azuis para cantrips que possam encontrar uma resposta. Por conta disso, recorrer a uma land incolor é prejudicial se você não adaptar sua base para isso — algo relativamente viável no formato que temos hoje — já que ela não se encaixa tão bem na atual estrutura por conta desses requerimentos.

É possível que a minha suposição de que Faeries não é a melhor alternativa pro uso de Gates esteja errada e vejamos o arquétipo dominar o Pauper quando encontrarem a shell certa. Afinal, o Caw-Gate joga com Counterspell e Celestial Flare e não encontra tantos problemas nos requerimentos de cor, mas a necessidade de transicionar entre o beatdown e o control das variantes de Faeries é bem mais frequente e realmente me incomoda com relação a investir três manas para um power boost se não aumentarmos o número de lands e/ou adaptarmos o estilo de jogo com elementos mais proativos.

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Boros, por outro lado, consegue aproveitar melhor essa manabase porque não possui tantos requerimentos pesados de cor enquanto sua estratégia naturalmente promove o jogo lento, e uma das maiores fraquezas desse arquétipo sempre foi a falta de pressão no longo prazo — algo que Basilisk Gate resolve com maestria. A concessão, no entanto, é ter menos alvos para conjurar Glint Hawk agressivamente sem necessitar de mais lands que entram em jogo viradas, ou contar com um playset de Ancient Den e Great Furnace, e arriscar se tornar um alvo fácil para Gorilla Shaman.

Outra possibilidade onde posso ver essa base sucedendo é no Boros Bully. Afinal, qualquer token 1/1 se torna uma ameaça imediata com esse suporte e não há grandes concessões na lista além de um decréscimo de velocidade e, talvez, um aumento no número de lands de 20 para 22.

Dito isso, a base de Gates não oferece tanto ao Boros Bully e nem cobre algumas das suas principais fraquezas no Metagame. Logo, talvez continuar a apostar na velocidade seja a melhor proposta hoje.

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Como já mencionei, os Gates abrem diversas possibilidades para o Splash, e a lista do NotGood eleva essa ideia ao máximo com esse 5-Color Ephemerate, onde conta com o suporte de Abundant Growth para ter acesso a qualquer cor de mana além de oferecer a clássica interação com Kor Skyfisher nos moldes que presenciávamos com Arcum's Astrolabe.

Nessas variantes de Ephemerate, Basilisk Gate conta com a inevitabilidade de que uma hora suas criaturas voadoras vão atacar sem bloqueios e, nesse momento, o fato de você naturalmente levar a partida para o late-game torna da base de Gates extremamente eficiente no que se refere ao aumento de poder, facilmente capacitando um clock de três turnos.

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Falando em Ephemerate, a baixa concessão de deckbuilding necessária lhe permite adicionar Gates a literalmente qualquer arquétipo que não se preocupe tanto com o Early-Game, até mesmo em um combo como o de Tireless Tribe com Inside Out, onde a ativação do terreno ao lado de Shadow Rift significa causar uma quantia considerável de dano no late-game — sem mencionar que Mulldrifter e Seeker of the Way também são ótimos alvos em vários estágios da partida.

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E falando em combos, um dos maiores benefícios de Basilisk Gate é dar ao Infect meios de jogar sem recorrer exclusivamente à proposta de "criatura + pump", abrindo espaço para mais interação e a certeza de que, caso o jogo se estenda, você possui a inevitabilidade de causar 10 de dano com uma criatura com essa habilidade e ganhar o jogo instantaneamente.

Inclusive, algumas listas possuem Blighted Agent para jogar em volta de Lifegain.

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Para fazer com que qualquer criatura com Infect efetue o combo-kill, você precisa de pelo menos seis lands, sendo 5 Gates, com pelo menos 2 Basilisk Gate para ativar ambos e matar no mesmo turno, mas você pode mitigar essa soma em dois ou três turnos.

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Apesar de ver bastante potencial nessa combinação, não estou confiante que a shell certa já foi encontrada, e muito menos creio que Gurmag Angler é um elemento necessário quando as demais criaturas apostam em ignorar o total de vida.

O que eu preciso para usar Basilisk Gate no meu deck?

Se avaliarmos todas as listas que usaram Basilisk Gate nas últimas semanas, podemos observar os seguintes padrões:

Uma manabase que suporte Gates sem piorar seu plano de jogo

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Com essa categoria de terrenos quase sempre entrando virados, eles não se encaixam tão bem em arquétipos mais agressivos e funcionam melhor em listas que não se importam em ter lands viradas nos primeiros turnos, enquanto funcionam bem caso elas venham no turno 3 ou 4 porque possuem mágicas baratas para usar nessas situações.

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A melhor opção provavelmente envolve Midranges, mas também podemos ver outras categorias de executam combos de médio ou longo prazo aproveitando elas.

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Criaturas com habilidades que beneficiam o combate

Ativar um Basilisk Gate em um Phyrexian Rager significa muito pouco caso ele seja bloqueado e/ou até mesmo se ele causar o dano ao jogador. Os melhores alvos para ele são as criaturas que possuem algum tipo de evasão e/ou habilidade relevante durante a fase de combate.

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A parte da evasão é a mais simples e já foi amplamente exemplificada aqui: qualquer 1/1 com Flying é uma ameaça com Basilisk Gate, e o mesmo vale para criaturas que não possam ser bloqueadas e/ou que têm alguma proteção embutida que dificulta o combate, como Guardian of the Guildpact.

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Outras habilidades que importam quando uma criatura está atacando, como Trample, Lifelink e Double Strike, além de criaturas que não podem ser bloqueadas quando possuem uma determinada quantidade de poder potencializam Basilisk Gate. Afinal, 4 de dano com Lifelink são mais 4 de vida que você ganha para atrasar o clock do oponente.

Como combater Basilisk Gate?

Se Gates se tornarem a manabase padrão do Pauper, isso não significa que eles são invencíveis e não temos meios de lidar com eles no formato. E julgo que essas três propostas são as mais efetivas para lidar com eles caso se tornem predominantes no cenário competitivo.

Seja mais rápido

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Gates tendem a requerer uma quantia de lands viradas para operarem, independente da estratégia. Isso abre a oportunidade para ganhar deles por meio da race com arquétipos mais agressivos como Mono Red Blitz ou Burn, através do Tempo com Mono Blue Faeries ou, quem sabe, até com uma variante de Dimir Delver, além de versões mais rápidas do Affinity, ou até mesmo versões mais tradicionais já que você consegue estabelecer um clock melhor com bem menos investimento de mana.

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Foque nos Terrenos

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Parece meio óbvio, mas os Gates não tem a mesma resiliência a LD que as Bridges ou Tron, tornando-o um alvo fácil para as variantes de Jeskai Ephemerate ou Cascade que recorrem à interação entre Bridges e Cleansing Wildfire e/ou que aceleram a mana como Mwonvuli Acid-Moss para atingir a manabase das listas mais gananciosas ou destruir a principal engine dessa estratégia, Basilisk Gate.

Acredito, inclusive, que se Gates se tornarem mais predominantes no Metagame, veremos um acréscimo dos arquétipos de Cleansing Wildfire para combatê-los, criando uma nova esfera de Pedra-Papel-Tesoura no Pauper.

Remoções em Instant-Speed

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Isso parece meio óbvio, mas Basilisk Gate só pode ser usado em Sorcery-Speed e requer um investimento de três manas para gerar o pump — isso cria uma janela de resposta gigantesca para lidar com qualquer criatura com a qual seu oponente faça esse investimento de recursos, preferencialmente com algo que custe menos mana do que eles investiram.

Dentre as opções disponíveis, categorizo essa como a menos eficiente porque a maioria dos arquétipos terá mais do que apenas uma ameaça e isso lhe forçará a sempre procurar uma remoção para efetuar a troca, mas ressalto que um acréscimo de interações em Instant-Speed pode ser necessária caso Gates cresçam demais no Pauper.

Conclusão

Isso é tudo por hoje.

Os Gates definitivamente podem impactar o Pauper de uma maneira que eu não esperava quando eles foram anunciados em Commander Legends, trazendo um novo ângulo de ataque para as mais variadas estratégias.

Dito isso, eu não considero que, de forma alguma, eles vão quebrar o formato, pois existe bastante espaço para adaptação nessas estratégias e quanto mais os jogadores se dedicarem a recorrer a esses terrenos, mais respostas e meios de combatê-lo veremos no resto do Metagame.

Minha preocupação, no entanto, são os decks que já se estabelecem no cenário competitivo e podem se beneficiar deles enquanto retém a base das suas estratégias a ponto de mitigarem parte de suas fraquezas naturais: um exemplo clássico seria o Faeries, e creio que será apenas questão de tempo até uma estratégia como essa encontrar a melhor maneira de aproveitar os Gates sem comprometerem demais a sua proposta.

Porém, até a chegada desse dia (se ele chegar), enxergo as novas lands e Basilisk Gate como uma ótima adição para o Pauper, e movimenta ainda mais o Metagame e abre uma infinidade de possibilidades para as mais variadas propostas.

Obrigado pela leitura.